... onde estrelas enamoradas sorriem todas as noites ...
Mesmo de noite, onde a luz das palavras pode revelar ou o olhar pode dizer e depois amanhecer, clarear...
quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
Abracadabra
tenho uma casa de medos
onde escondo todos os passos destemidos
e tenho um escuro cinzento
forrado de sonhos adormecidos
e depois tenho pouco mais
dias assim
de horas iguais
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
terça-feira, 24 de novembro de 2015
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
A D. Fernanda
Ninguém gosta de ficar internado. Ou se está doente, ou para lá se caminha, e mesmo quando os filhos vão nascer é uma viagem com desejo rápido de regresso a casa. Mas se tem que ser, e foi o caso, assim seja. Por uma noite. Só uma noite. Não me deu o sono até me pedirem que engolisse de uma só vez dois comprimidos. Fique descansada, são só para ficar meia sonolenta. Comecei logo a pensar: mau...agora vão fazer-me perguntas e eu no embalo ainda respondo segredos meus. Engoli. Seja o que deus quiser. O resultado esperado aconteceu, fiquei sonolenta. Foi então que prometi descansar, e ler até subir para o bloco operatório. Dá-me licença, vai ter aqui uma companhia ao seu lado, diz a enfermeira ao entrar no quarto com um sorriso nos lábios. Olhei, vi uma senhora pousar no chão a sua mala azul de cadeado brilhante, o que me levou logo a crer ser uma mulher prevenida. E pensar eu que devia ter arranjado um cadeado para a minha pequena mochila... Não está com cara de doente?! Não, não, é coisa sem grande importância. Vimos as duas para o mesmo então, diz a minha companheira de quarto. "Companheira de quarto" é uma expressão tão militar, nunca fui à tropa mas sinto-a assim. Pois, disse eu. É a vida, diz a D. Fernanda. Mulher de cabelo vermelho, grande porte, voz clara e com tom bastante audível. A minha filha é que devia estar aqui, mas desteta hospitais. Foi desde o pai, mas eu digo-lhe: Carla tens que ultrapassar isso na tua ideia. A minha Sandra é diferente, essa vai logo onde tem que ir. E tem que ser assim, não acha? sim, sim, claro. Sentada na minha cama, marco o livro com os meus óculos e fico a olhar para esta mulher que fala enquanto olha pelo vidro e deixa o cotovelo entregue ao parapeito da janela. O pai era muito amigo delas, continua... e bom homem que era. Trabalhou a vida inteira atrás de um balcão. O patrão até dizia que ele não era um empregado, ele era um filho da casa! Coitadinho, sofreu dois meses e depois olhe...ficamos cá nós. Quando me pediu em casamento é que foi, o que ele afinou com o meu pai: "então você é o tal rapaz que trabalha no rei das peúgas?" O que ele foi dizer ao meu marido, uma vida a trabalhar no rei das meias, um orgulho para ele e para nós(risos). E o avô que ele era... as netas adoram-no. O que me salva é o trabalho, são as minhas colegas e as netas e isso... A D.Fernanda foi falando, eu fui ouvindo , o seu olhar parava lá fora quando falava do marido que perdeu há dois anos, mas que toda a vida se lembra estar a seu lado. As netas, as colegas do seu trabalho, até do genro da filha mais nova... ainda sorrimos as duas, ainda lhe disse algumas das minhas parvoíces. Voltamos a sorrir. Quando voltei ao quarto a D. Fernanda já tinha saído. Não lhe desejei as melhoras e a ultima vez que nos cruzamos foi quando eu saí do bloco operatório e ensonada lhe desejei boa sorte. Gostei tanto de conhecer a D.Fernanda! Foi só uma noite, coisa sem importância.
terça-feira, 3 de novembro de 2015
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
sábado, 17 de outubro de 2015
Recantiga
...
E era as folhas espalhadas, muito recalcadas do correr do ano
A recolherem uma a uma por entre a caruma de volta ao ramo
E era à noite a trovoada que encheu na enxurrada aquela poça morta
De repente, em ricochete, a refazer-se em sete nuvens gota a gota
Era de repente o rio, num só rodopio a subir o monte
A correr contra a corrente assim de trás para a frente a voltar à fonte
Um monte de cartas espalhadas des-desmoronando-se todo em castelo
E era linha duma vida sendo recolhida de volta ao novelo
Era aquelas coisas tontas, as afrontas que eu digo e que me arrependo
A voltarem para mim como se assim tivessem remendo
E era eu, um passarinho caído no ninho à espera do fim
E eras tu, até que enfim, a voltar para mim.
domingo, 11 de outubro de 2015
E depois o sol vai dormir...
É sempre assim quando chegamos da praia, as conversas entre amigos sentam-se aqui. Os mesmos risos, que sabemos de cor... as piadas sempre tão disparatadas, inesperadas, inesgotáveis, únicas. Cada piada tem uma voz diferente. Não somos todos iguais. As cadeiras vão ficando ocupadas, na cozinha está o jantar. Vais tu ver o lume? deixa, eu vou. Ouve-se um grito, mais um susto para nos fazer rir. Mais gargalhadas. Agora a sério, querem saber... sentimos nos olhares o silêncio esperado, mas que se quebra com mais sorrisos. É sempre assim... com os amigos do coração, é sempre assim. E depois o sol vai dormir...
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domingo, 4 de outubro de 2015
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Floresta
... há um caminho de árvores verdejantes, que nos conduz. E depois ouvimos o que o vento toca nas folhas para dizer do chão, e dos pássaros que voam, e dos nossos segredos, que entoam ramos e galhos... Não partas. Pode ser por ser manhã. Não partas. Pode ser uma manhã...
sábado, 19 de setembro de 2015
13 velas
"Mãe, no meu dia de aniversário gostava de estar com os meus amigos e família!"
*Estes são os momentos que mais gostamos de abraçar. Assim será :)
**Parabéns meu querido filho Duarte!
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quarta-feira, 9 de setembro de 2015
terça-feira, 11 de agosto de 2015
terça-feira, 4 de agosto de 2015
Tão perto...
... vejo os teus olhos
apenas nos meus
num cruzamento distante
desse momento errante
vejo os teus olhos apenas nos meus
e depois
só depois
o arrepio...
a dizer
a importância que tem
esse teu olhar
vejo os teus olhos apenas nos meus
tão perto
tão perto
quinta-feira, 23 de julho de 2015
quarta-feira, 1 de julho de 2015
Insónia
Quando
a imagem
aparece
deitada
nos meus olhos
fechados
e eu abro mão
do escuro
até ser
manhã
a imagem
aparece
deitada
nos meus olhos
fechados
e eu abro mão
do escuro
até ser
manhã
quarta-feira, 10 de junho de 2015
quarta-feira, 27 de maio de 2015
terça-feira, 19 de maio de 2015
Do lado de cá ...
... mora a paisagem que se avista dentro de mim
e depois lá fora
há uma planície de cores espalhadas
e de campos plantados
que os meus olhos ouvem
e que os meus pés pressentem
do lado de cá...
(e é assim que adormeço ao acordar)
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Palavras soltas.
quarta-feira, 13 de maio de 2015
sábado, 18 de abril de 2015
50 cêntimos
Mãe, hoje deram-me cinquenta cêntimos a mais na venda das rifas dos escuterios. Estava um rapaz a tocar na rua e eu estive a ouvir. Gostei e deixei-lhe a moeda dentro de uma caixa que tinha à sua frente. Ele sorriu para mim e perguntou-me se eu queria ouvir alguma canção em particular. Disse-lhe que não (envergonhado este meu filho). Perguntou se eu sabia tocar viola e se queria tocar alguma coisa. Toquei (pouco envergonhado este meu filho). Sabes o que aconteceu? a caixa ficou com mais moedas, e à nossa volta mais pessoas!
*com a devida autorização do meu menino envergonhado, aqui ficam os sorrisos registados!
** gosto de melodias assim... gosto mesmo!!
terça-feira, 7 de abril de 2015
Quando nos olhos nasce a neblina de um vulto a passar assim...
quinta-feira, 19 de março de 2015
Podemos (com) aquilo que somos...
Ainda que mal pergunte
ainda que mal respondas
ainda que mal te entenda
ainda que mal repitas
ainda que mal insista
ainda que mal desculpes
ainda que mal me exprima
ainda que mal me julgues
ainda que mal me mostre
ainda que mal me vejas
ainda que mal te encare
ainda que mal te furtes
ainda que mal te siga
ainda que mal te voltes
ainda que mal te ame
ainda que mal o saibas
ainda que mal te agarre
ainda que mal te mates
ainda assim te pergunto
e me queimando em teu seio
me salvo e me dano: amor.
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Poetas
sexta-feira, 6 de março de 2015
Quando o que foste, pode ser para sempre o que tanto serás...
* para a minha querida amiga Margarida, onde quer que esteja...
** para o meu querido pai... ele sabe o quanto...
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Pai
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
Quarto com vista sobre a cidade ...
... quando no semicerrar dos olhos se escutam manhãs silenciosas por tudo o que as palavras calam ...
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
Valsa...
Será só matéria em rotação?
É mistério, mera maldição?
Desentristecer a custa e abrir mão
Duro vai ficando o coração de quem não quer
Dar-se à dor de ser quem é
É da terra a sombra de ser só
Adiada sina de ser pó?
Ir desaprendendo a custo e abrir mão
Duro vai ficando o coração de quem não quer
Dar-se à dor de ser maior
Contemplar o céu
Não tem fim
Enfrento o reverso
Dou-me ao universo
Rumo ao fundo em mim
Será só o sangue em pulsação?
Ou é do céu a sina da mão?
Dar às asas e cortar com a raiz
Duro vai ficando o coração de quem não quis
Dar-se à dor de ser feliz
Miguel Araújo
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
Baloiçam ainda nos dedos...
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